«A simetria perfeita»
Cátia Barbosa
segunda-feira, agosto 31, 2015
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Olá Internautas! :)
Hoje trago-vos o meu mais recente artigo para o Repórter Sombra!
Desta vez falo sobre Wes Anderson, realizador que é obcecado pela simetria perfeita no ecrã. Acreditem que depois de lerem este artigo não vão conseguir ver um filme dele sem reparar nisto :p
«Wes Anderson
é um realizador que é obcecado pela simetria perfeita no ecrã. Não sabem o que
isso significa, não é? Pois, mas eu estou aqui para explicar-vos.
Este cineasta – que
ficou conhecido por filmes como O Fantástico Senhor Raposo, Os
Excêntricos Tenenbaums
e Moonrise Kingdom -, tornou as
cores e a geometria das cenas a sua marca registada. Isto significa que os seus
filmes seriam facilmente reconhecidos através das cores que apareciam a partir
das telas do cinema, ou da geometria contida minuciosamente em cada etapa do
filme. A verdade é que se traçarmos uma linha a meio da tala – tal como
Kogonada fez – podemos facilmente ver como Wes Anderson cria as cenas parecendo
que elas estão refletidas como se de um espelho se tratasse.
Não é assim tão
estranho esta obsessão de Wes pela simetria. Outros realizadores têm outras obsessões
que utilizam nos seus filmes. É o caso de Scorsese
que gosta de representar o vermelho, por exemplo. Ou de Tarantino
que filma os pés das suas personagens mais marcantes. Falando de Tarantino, a
referência que este faz aos pés femininos nos seus filmes fez-nos perceber qual
era o seu fetiche peculiar. Sim, Tarantino é um podólatra assumido. Isto mostra
que muitos realizadores transportam os seus fetiches e obsessões para os seus
filmes. Wes Anderson é só mais um deles.
Partindo desta análise,
é impossível negar que, de facto, a maior parte dos realizadores são
reconhecidos pelas obsessões que têm, ou seja, elas acabam por tornar-se uma
“imagem de marca”. É assim que os seus filmes são reconhecidos: pelas
impressões que nele estão contidas. Assim, sabemos que um filme é da autoria de
Wes Anderson, quando vemos que ele é totalmente simétrico. Ou que é da autoria
de Scorsese, quando representa fortemente o vermelho.
Concluindo, é inegável
dizer que as obsessões de cada realizador estão implícitas nos seus filmes. São
elas que prendem o espetador ao ecrã e que fazem com que o nome de quem
realizou o filme fique na sua mente. Talvez se Wes Anderson não fosse obcecado
pela simetria, ela não fosse tão conhecido agora. Talvez seja essa mesma
simetria que faz o público apaixonar-se pelos seus filmes, prender-se à tela e
às imagens e querer esperar pelo próximo.»
Artigo publicado aqui.